sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Veja Como Foi o I Encontro Para o Desenvolvimento do Cicloturismo - Parte I

Por Sérgio Franco
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Nos dias 26 e 27 de Outubro foi realizado no Teatro Municipal de Niterói o I Encontro Para o Desenvolvimento do Cicloturismo Urbano com a participação de grandes nomes na área do turismo e do cicloturismo e contando ainda com um encontro acadêmico onde foram apresentados diversos trabalhos de estudantes e estudiosos da área.

O encontro, que nasceu na Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF em parceria com a COPPE UFRJ e com patrocínio do CNPQ, teve o apoio do Programa Niterói de Bicicleta e do Mobilidade Niterói na organização e desenvolvimento do evento.


Abertura

O encontro se iniciou no dia 26 e a abertura contou com a participação das autoridades que no geral fizeram rápidas colocações sobre o evento e sua importância.

Axel Grael (Vice-prefeito de Niterói)
José Haddad (Presidente da Niterói Empresa de Lazer e Turismo/NELTUR)
Sidney Mello (Reitor da Universidade Federal Fluminense/UFF)
Marcello Tomé (Diretor da Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF)
Ronaldo Balassiano (Coordenador do Núcleo de Planejamento Estratégico de Transportes e Turismo/Planett)
Nilo Sérgio Felix (Secretário de Turismo do Estado do Rio de Janeiro/SETUR)


Após a participação das autoridades foi dado o inicio ao ciclo de palestras com a MESA 1 – Como as cidades são vistas dentro do planejamento dos roteiros de cicloturismo onde participaram Marcio Deslandes (European Cyclists’ Federation/ECF) e André Geraldo Soares (União de Ciclistas do Brasil/UCB).

Marcio Deslandes falou sobre o impacto econômico do cicloturismo e dentre os pontos que podemos destacar temos o cicloturismo a 3º maior atividade econômica na Europa, ocupando 5% do PIB Europeu e 5,2% do mercado de trabalho na Europa, além de envolver uma grande quantidade de serviços e profissões. Uma das grandes surpresas é o impacto econômico provocado pelo cicloturismo em comparação com o turismo de cruzeiro no mercado europeu. O turismo de cruzeiro gera um impacto de 39,4 bilhões de euros na economia enquanto o cicloturismo consegue gerar 44 bilhões de euros, uma diferença surpreendente de mais de 4 bilhões de euros. Outro detalhe que devemos destacar é que o cicloturista gasta em média 35 euros por dia contra os 10 euros por dia gastos por turistas que usam outros meios de locomoção.


Marcio Deslandes
André Geraldo Soares falou sobre cicloturismo e mobilidade. Destacou a diferença entre o aspecto agradável associado ao cicloturismo e a dificuldade do uso da bicicleta na mobilidade urbana. Falou também dos problemas existentes na realidade brasileira, entre eles, a diminuição do acesso à cidade, a segregação social, o custo sócio econômico, a poluição e as cidades paralisadas. Como solução para estes problemas estão a inclusão das 80 milhões de bicicletas existentes nas ruas, resgatar a caminhabilidade e o investimento do transporte público. 


"A cidade que quer atrair cicloturistas para
visitas breves deve demonstrar que valoriza
a bicicleta também para os seus cidadãos no dia a dia"


Dentre as políticas cicloinclusivas estão o acalmamento do trânsito, implantação de ciclovias e ciclofaixas, instalação de bicicletários e sinalização adequada e eficiente, programas de educação e fiscalização, além de estimular a participação da iniciativa privada tais como hotéis e restaurantes.


André Geraldo Soares

Na MESA 2 – Cicloturismo como fomentador de novos negócios - contamos com Therbio Felipe (Revista Bicicleta), Gustavo Carvalho (Kuritbike – Curitiba), Lenauro Mendonça (Terra Brasilis – Niterói) e Cristóbal Pena (Bella Bike – Santiago do Chile).

Thébio Felipe destacou alguns pressupostos para o desenvolvimento do cicloturismo urbano, tais como: Acessar facilmente a oferta turística,o patrimônio cultural e suas manifestações; acessar, da mesma forma, o patrimônio humano (as gentes), sem gentrificação; gerar o menor impacto possível no ambiente; ter estruturas no trânsito e nos espaços públicos que indiquem que a cidade é amiga da bicicleta; garantir que os serviços (hospedagem, alimentação, áreas de lazer e cultura, etc.) estejam aptos ao cicloturista e suas necessidades; desenvolver programas de sensibilização comunitária sobre o cicloturismo e suas possibilidades; realizar intensamente, e em mídia especializada, a promoção estratégica da localidade cicloturística. Outro destaque dado pelo Thérbio é que o cicloturismo urbano revisita e da um novo significado às cidades. No final de sua apresentação ainda foi feita uma homenagem ao nosso amigo Glauston, que foi o iniciador da inclusão da bicicleta como meio de transporte na cidade de Niterói além de ter implementado o primeiro bike box do Brasil quando ainda estava na NitTrans. Hoje este projeto foi abandonado pela mesma.


Thérbio Felipe

Gustavo Carvalho contou a história do Kuritbike desde seu início, dos atrativos de Curitiba e de como surgiram os roteiros, a importância de se escutar o cliente. Tendo começado com um pequeno investimento de apenas R$ 5.000,00 hoje a Kuritbike é uma das referências no cicloturismo urbano.


Gustavo Carvalho

Lenauro Mendonça do Terra Brasilis, uma empresa de Niterói, mostrou a abrangência e os roteiros feitos pela empresa no cicloturismo.


Lenauro Mendonça
Cristóbal Pena, da Bella Bike, contou sobre a história da empresa, os desafios que encontrou, a descoberta de novos roteiros. Contou história curiosa do tour no Cemitério General, um cemitério com muita história e estruturas arquitetônicas incríveis, os motivos que levaram a elaborar este ciclotour e os motivos que o fizeram parar. Também abordou a realidade da bicicleta hoje no Chile e em Santiago, com 1,1 milhões de viagens diários em bicicleta e esta em segundo lugar da América Latina; que teve um notável desenvolvimento de ciclovias na periferia e centro da cidade (252 km); e em processo de mudança cultural que valoriza o uso da bicicleta e o poder público hoje tem consciência dos benefícios do uso massivo da bicicleta. Outra curiosidade destacada é que 65% dos clientes da Bella Bike são brasileiros (pois é, gostamos de pedalar).


Cristóbal Pena

MESA 3 – Estratégias para o desenvolvimento do cicloturismo - contou com a participação da Isabela Ledo (Programa Niterói de Bicicleta – Prefeitura de Niterói), Marcelo Iha (SP de Bike – São Paulo Turismo), Mauro Tavares (Rio Estado da Bicicleta – Secretaria de Estado de Transportes/SETRAN), Rosaly Almeida (Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco) e Rodrigo Telles (Clube de Cicloturismo do Brasil).

Isabela Ledo (Programa Niterói de Bicicleta) destacou os atrativos da cidade de Niterói para o cicloturismo urbano e rural e a importância de se incentivar este tipo de turismo, entre as quais estão a diversificação da economia local; valorização do patrimônio natural, arquitetônico, cultural e histórico da cidade; incentivo à mobilidade ativa e sustentável; indução à requalificação do espaço urbano; estímulo à inclusão sócio-espacial; fortalecimento da identidade da cidade.


Isabela Ledo

Marcelo Iha (SP de Bike – São Paulo Turismo) falou sobre o avanço da ciclomobilidade em São Paulo, que atualmente conta com 400 km de estrutura cicloviária; mostrou o desenvolvimento da bicicleta como modal pelo mundo; também falou sobre o perfil do usuário das ciclofaixas de São Paulo onde podemos destacar a participação de 27,7% das mulheres entre os usuários e faixa etária entre 30 e 39 anos. Também comentou os desafios à serem enfrentados para o desenvolvimento do cicloturismo urbano, tais como,  ações permanentes de incentivo ao cicloturismo urbano; mudanças políticas na gestão pública, interesse da iniciativa privada, envolvimento da sociedade civil e acompanhamento da demanda.


Marcelo Iha

Mauro Tavares (Rio Estado da Bicicleta – Secretaria de Estado de Transportes/SETRAN) contou a história e do desenvolvimento do programa Rio Estado da Bicicleta; os objetivos dos programa, tais como, fomentar o uso da bicicleta como meio de transporte; promover a integração da bicicleta com os outros modos de transportes; implantar em parceria com órgãos públicos,
empresas e sociedade civil organizada, políticas de educação para o trânsito;
promover e apoiar eventos esportivos, culturais e institucionais que incentivem o uso da bicicleta. Foi ainda demonstrado o projeto de integração do sistema cicloviário via barcas e a rota cicloturistica Caminhos de Nossa Senhora.


Mauro Tavares

Rosaly Almeida (Secretaria de Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco), participou da criação e gerenciou do Programa Pedala PE de jun/2012 a abril/2016. Rosaly apresentou a Rota Agreste, que faz parte do circuito cicloturistico de Pernambuco, rota que surgiu da ideia da própria palestrante quando esta estava percorrendo o circuito do Vale Europeu.


Rosaly Almeida
Rodrigo Telles (Clube de Cicloturismo do Brasil) contou um pouco sobre o trabalho do Clube de Cicloturismo do Brasil e os trabalhos que este realiza na criação de rotas cicloturisticas, ressaltou a necessidade de uma sinalização eficiente para atender ao cicloturista, sendo este urbano ou não.


Rodrigo Telles

O ciclo de palestras e debates terminou com uma apresentação da professora Fátima Priscila Morela Edra (Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF) e coordenadora do Pedal Uff Tur e Sérgio Franco (Mobilidade Niterói)  a respeito das ações sobre Cicloturismo em curso em Niterói. Foi mostrado aos presentes um pouco das características da cidade de Niterói, as iniciativas em prol da bicicleta que atuam na cidade e a importância destes e das atividades em torno da bicicleta para o crescimento do uso desta também como forma de transporte. Também foi feita uma apresentação sobre o perfil do cicloturista na cidade e sua percepção quanto a infraestrutura existente.


Fátima Priscila Morela Edra e Sérgio Franco
Podemos destacar o alto grau de percepções negativas constatadas tanto por parte dos visitantes quanto por parte dos moradores sobre a oferta de ciclovias, qualidade destas; oferta e qualidade dos bicicletários; além da sensação de segurança e viária.

A apresentação pode ser do Mobilidade Niterói e Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF pode ser acessada AQUI.

Acesse a apresentação AQUI

O fato é que o I Encontro para o Desenvolvimento do Cicloturismo foi um encontro de pessoas que entendem que a bicicleta é um veículo transformador das cidades e que o cicloturismo é um fomentador de novos negócios e oportunidades e transformador de pessoas fazendo estas entenderem melhor as cidades e as pessoas que nela habitam.

A opinião de todos os envolvidos é que uma cidade que quer investir em cicloturismo primeiro tem que investir na sua própria ciclomobilidade.

Ainda tivemos no próprio dia 26 tivemos uma mostra audiovisual na Reserva Cultural e no dia 27 fizemos uma visita técnica e ainda tivemos uma apresentação de trabalhos acadêmicos. Em breve falaremos mais de cada uma.

www.mobilidadeniteroi.com

facebook/mobilidadeniteroi


5 km
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