segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Londres: “Super-ciclo rotas”

Por Ana Luiza Carboni

    Imagem: Ciclofaixa de uma das Super-ciclo rotas, Millbank, Londres

Semana passada foi anunciada a proposta de implementação da mais longa ciclovia segregada do mundo – que não existia no projeto original das “super-ciclo rotas” da capital britânica. Esta é hoje uma medida apoiada por grupos de ciclistas e criticada por instituições do centro financeiro e grupos que representam motoristas.
Para entender um pouco melhor a controvérsia em relação às ciclovias na capital do Reino Unido, precisamos entender um pouco a história do ciclismo utilitário no país.
Em 1934 foi criada a primeira ciclovia segregada em Londres - entre Hanger Lane e Greenford. Embora fosse bastante utilizada por ciclistas, a segregação foi contestada por organizações de ciclismo, que temiam a perda de direitos para andar na rua - postura que perdurou até recentemente. No inicio da década de 1960, devido ao aumento da riqueza da população e uma maior disponibilidade de veículos automotores, houve declínio nos níveis de ciclismo utilitário. Neste período o foco do planejamento de transporte foi do tráfego de veículos em detrimento às outras opções.
A partir dos anos 80 a cidade voltou a investir no estímulo à utilização da bicicleta como alternativa de locomoção e uma unidade de planejamento de infraestrutura para ciclistas foi criada. Aos poucos foram sendo implementadas ciclo rotas, ciclofaixas e ciclovias.
Em fevereiro de 2008 foram anunciados pelo governo iniciativas para melhorar e aumentar o uso da bicicleta, incluindo planos para a construção de doze "super-ciclo rotas". As primeiras duas rotas foram implementadas em 2010. O conceito foi projetado pelo alemão Dector-Vega e incluiu um teste de ciclovias em cruzamentos (como na Dinamarca), espelhos convexos em sinais de trânsito para reduzir o ponto cego entre caminhões e ciclistas (como o utilizado na Suíça), nova sinalização, e o re-design de alguns cruzamentos para melhorar a segurança. No mesmo ano o sistema de bicicletas compartilhadas foi lançado, o que colaborou para o crescimento na utilização da bicicleta como meio de transporte.  
Ano passado, depois de seis acidentes fatais envolvendo ciclistas, a infraestrutura existente na cidade foi considerada insegura e a empresa de transporte responsável pela criação de ciclo rotas/ciclofaixas foi fortemente criticada. As ciclovias que serão incluídas no plano clicloviário da cidade deverão ser baseadas, em grande parte, no tipo de infraestrutura existente na Holanda e Dinamarca.
O prefeito de Londres declarou que “fazer com que mais pessoas usem bicicletas vai reduzir a pressão sobre as redes rodoviárias e ferroviárias, reduzindo a poluição e melhorando a vida de todos, sendo eles ciclistas ou não".
Ruas movimentadas não vão deixar de existir e projetos para minimizar pontos de conflito serão sempre necessários. A solução de mobilidade para cidades é, portanto, o planejamento cuidadoso e programas educativos, sem a priorização de um meio de transporte frente a outro, com cuidadosas considerações onde veículos automotores devem ir e onde não devem, tendo em mente que, em primeiro lugar, devem estar as pessoas que vivem nas cidades.



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